Um
dos grandes desafios para o educador é enxergar a individualidade na
complexidade do grupo com o qual ele trabalha. O grupo é seu
principal elemento de trabalho, é nele que as mais variadas facetas sociais
se apresentam, é por ele que se trabalha, é em prol dele que se organiza. A
formação do educador prioriza o grupo escolar, as metodologias pouco oferecem
para que ele possa trabalhar as diversidades e individualidades, a estrutura
escolar nem sempre favorece o olhar e a ação diferenciada, e por aí vai uma
lista de condições que desfavorecem um olhar específico para as habilidades e “desabilidades”,
que, muitas vezes, manifestam-se em sala de aula. A verdade é que somos
formados para usar algumas formas com nossas crianças, quem é que nos capacita
para a diversidade que existe na unidade?
A dificuldade não deve ser
combustível para justificar as negligências que
ocorrem no tocante à detecção de distúrbios, transtornos e síndromes que
comprometem o desenvolvimento do educando. Pelo contrário, deve ser incentivo
para desafiar este educador, que tem a percepção de que algo está acontecendo
debaixo de seu nariz, a buscar capacitação, parceria, trabalho produtivo e a
melhora da criança a qualquer custo.
Nestes tantos anos trabalho escolar,
posso garantir que são mais de 20... convenci-me de que o educador tem que
aprimorar sua capacidade observatória, mais que qualquer outra habilidade, a
fim de detectar quando uma criança está pedindo socorro, quando
algo a está impedindo de se desenvolver e, principalmente, de discriminar
quando isso é motivado por uma condição ambiental ou fisiológica, se pode ser
resolvida com pequenas alterações na rotina, na escola, ou se é necessário ter
acompanhamento especializado. Você pode me dizer que isto não é tarefa do
educador, movido por comentários do senso comum, que dizem que o educador deve
formar. Mas se o educador não enxerga tais problemas, quem enxergará? A
família, certamente, está envolvida emocionalmente a tal ponto de não enxergar
ou até negar as dificuldades desta criança. É o educador que tem os critérios,
não por acaso do grupo, para analisar o que destoa dele.
A Inclusão, tão falada, regulamentada, estudada, implementada
nos últimos anos, faz-me pensar até onde os educadores estão preparados
e amparados (por quem?) para a demanda que vem ocorrendo na escola. Uma
vez, meu diretor me arguiu: “Quando estaremos preparados, se nunca nos
desafiarmos a encontrar o caminho, se nunca aceitarmos as crianças
“especiais”, de coração?”.
Nunca me esqueci dessa fala!