quinta-feira, 10 de abril de 2014

Encenação da Páscoa Cristã por crianças





A manifestação infantil é pura e encanta por si só.

Falar sobre a bondade de Cristo com os pequenos é trabalhar sua capacidade de entender o bem e o mal, inserir em sua vida o aprendizado da caridade e compaixão. Há muitos que vão dizer que é forte a imagem de morte, da crucificação, entre outros momentos desta história, eu digo duas coisas: que as crianças são capazes de interpretar o que está implícito nestas simbologias e que elas têm muito contato com imagens fortes nos desenhos animados que assistem na TV (será que não devíamos ter olhar crítico também, para as coisas que eles assistem na rua, no telejornal, ouvem nas músicas que o papai curte no rádio do carro?).

Nesta época de Páscoa, independente da religião de cada um, acho válido ver coisas encantadoras como este filme, refletir sobre a nossa vida, nossas crenças, o que estamos oferecendo aos jovens pequeninos, a nós mesmos...

segunda-feira, 7 de abril de 2014

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Disciplinar ao invés de ensinar

Quem diz: “Disciplinei meu filho!” quer dizer qualquer outra coisa, menos isso.
Há termos que se aprende com a modernidade e acabam por substituir o insubstituível, por exemplo: educador, que é um nome bonito e abrangente, mas se vier para o dia a dia do professor de maneira exagerada, acabou com o encanto. Me enoja ver alguns colegas que se dizem educadores em nome do detrimento do termo “professor”, porque ser professor parece ser ditador, não é bem assim que vejo a minha profissão, sou professora sim, quando preciso mandar, mando, dando ao meu aluno uma direção do se tem que fazer naquele momento. Quando tenho que ouvir e deixar o pequeno agir, extravasar, analisar e elaborar, me calo, não mando, sequer sugiro. Isto é o natural. Sou educadora sim, em todos os momentos em que acontece algum aprendizado, seja no meu trabalho, seja lá em casa, seja numa conversa com a mãe da minha cunhada, falando sobre cuidar de bebês. Mas vamos ao ponto que me enoja, não permitir-se ser chamada de professora ou de “tia”, porque se auto intitula educadora, faça-me um favor, deixa de ser natural e fica chato.
Conheço uma criança que não aprendeu os limites, o famoso “sem educação”. Pra começo de conversa, o pai nunca disse: “Dei uma bronca”, ele sempre diz: “Disciplinei meu filho”. E sempre que ouço isso me soa algo do tipo: pisando em ovos, pois acho que nesta hora o pai quer dizer que ele é educado e respeita seu filho, por isso não dá bronca, ensina com certa delicadeza. Bom, o que vejo é que não há resultado, o menino domina a situação, o pai e os amigos que sofrem com sua falta de limites, sem falar na professora que fica de cabelo em pé!
Minha mãe já dizia: “O que você não aprender aqui em casa, com amor, vai prender na rua, e pela dor.”




Esta pergunta foi a vencedora em um congresso sobre vida sustentável.





Todo mundo 'pensando' em deixar um planeta melhor para os filhos... Quando é que 'pensarão' em deixar filhos melhores para o nosso planeta?

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Sopa de letrinhas





Assistindo o vídeo lembrei-me da sopa de letrinhas de minha
infância, onde com minha mania de organização, me incomodava demais vê-las
espalhadas e soltas pelo caldo quente. Não me conformava com esta
"bagunça", pois para mim, as letras deveriam estar sempre alinhadas.




Refletindo mais, encontro a forte emoção do
imergir no mundo letrado, coisa que antigamente acontecia de modo cartesiano,
cheio de regras, ordens, primeiro isso, depois aquilo.




Hoje, com as propostas de letramento, a imersão
é natural, diante de uma nova realidade, de crianças e adolescentes que vivem
no mundo das informações, leituras, palavras, desde muito cedo e que trazem
competências cada vez mais amplas e profundas da leitura e escrita, das
interpretações e análises. É como traduzir um mundo que se conhece tão bem, por
vivenciá-lo desde o primeiro livrinho de plástico que a madrinha deu para o
bebê tomar banho...




É intrigante!

Com um chip a mais – uma reflexão sobre as transformações das bagagens inatas

Trabalho com crianças há três décadas. A cada época, fui percebendo que as crianças nascem com suas bagagens, que depois vão sendo acrescidas, claro, com a convivência e os estímulos ambientais e sociais. Estas bagagens inatas são mais ou menos parecidas, de criança para criança, mas eu percebo uma mudança  de época para época, vou explicar.
Nos anos 80/90, me lembro bem que os bebês eram embrulhadinhos como “charutinhos”, as mãozinhas ficavam presas em xis e de tão durinhas, não se mexiam. Assim permaneciam por seis meses ou mais. Hoje, com a moda de álbum newborn, os recém nascidos posam para fotos nas mais variadas posições, peladinhos e com adornos sugestivos. Os da época passada, começavam a andar com mais de um ano e meio, às vezes quase dois anos, quando iniciavam as brincadeiras no “velotrol” – a motoquinha – ralavam seus joelhos, sujavam as mãos, andavam descalços e tinham uma capacidade incrível de transformar uma caixinha de fósforo em mil outros brinquedos. Assisti tudo isso numa escola em São Bernardo do Campo, que tinha um belo pátio, com areia, brinquedos enormes e de ferro (agora a moda é plástico), uma árvore goiabeira que ficava infestada em certa época do ano, onde as crianças de cinco, seis anos aprendiam com grande habilidade a subir e pegar a fruta no pé.
Com o tempo, eu fui aprendendo com os adolescentes da escola a mexer nos computadores, que em meados de 2000, pode-se imaginar como eram primitivos nas escolas de São Paulo, porém eram uma novidade absurda para mim, que fiz meu TCC (que se chamava Projeto Final) da faculdade de Pedagogia, na máquina de datilografar portátil Remington do meu pai. Estes mesmos adolescentes, inclusive os alunos mais novos de oito, nove anos foram me mostrando que dançar, jogar bola, fazer um brinquedo de sucata era “trabalho” escolar ou atividade extracurricular, não fazia parte da sua atividade recreativa ou normal do dia a dia. Esta geração já estava se transformando na turma que hoje domina a tecnologia como ninguém.
Atualmente faço a coordenação pedagógica de uma escola infantil em São Paulo, me surpreendo com um dos temas que estamos escolhendo para nosso projeto interdisciplinar anual: “As brincadeiras de antigamente”, onde meus alunos de três a seis anos vão poder resgatar as cantigas de roda, as brincadeiras de pião, bolinhas de gude, pular corda, “Mãe da Rua” entre tantas outras que queremos eternizar na memória destes pequenos. Este momento é propício para fazermos esta geração se mexer, correr, pular, se sujar. Sim, se sujar, porque isso não é mais normal para os dias de hoje, meus aluninhos não sabem sujar as mãozinhas de areia, fazer bolo de barro, enfeitar de florzinhas e oferecer para a professora “comer”. Quando lhes oferecemos pintura a dedo - antialérgica claro, pois todos temos muitas alergias agora e tomamos tantos corticóides - as crianças ficam com aflição e terminam logo sua pintura, para ir rapidinho lavar as mãos. O tempo gasto numa atividade de pintura, colagem ou desenho é mínimo, tanto por parte das crianças, quanto por parte dos professores, que estão sempre correndo atrás do ponteiro do relógio, pois há muito que se fazer: balet, judô, capoeira, natação, inglês extra etc etc. Os meus aluninhos de um ano, eu disse um ano, têm sim uma capacidade incrível de concentração, uma concentração que pode durar mais de dez minutos (o esperado para esta idade é concentração de dois a três minutos), e ocorre quando estão perto de um eletrônico, podem assistir a um filme de música e desenho infantil inteiro, sem piscar, são muito competentes ao pegar um celular touchscreen nas mãos e acionar sozinhos o vídeo ou a música que querem ouvir, a mesma competência apresentam para desbloquear e usar o tablet de seus pais, deslizando seus dedinhos pela tela e até para tirar uma foto e procurar para olhar se ficou boa, imediatamente após o clic, virando o aparelho para verificar seu verso.
Outro dia, um pequeno de três aninhos entrou em minha sala e viu meu tablet sobre a mesa, enquanto eu perguntava por que ele estava chorando (estava com saudades da mãe que foi trabalhar no primeiro dia de volta das férias), ele olhava atentamente para o aparelho e enxugando suas lágrimas me perguntou: “Seu tablet tem wi-fi?” Preciso comentar?

O que quero ilustrar aqui não é crítica, não é que algo está fora do lugar, é apenas uma reflexão sobre como cada geração nasce com uma bagagem adequada à época e à evolução humana. Percebo que esta geração nasceu com um “chip” que não tinham os que nasceram há trinta anos atrás. É a geração do dedinho, a geração touchscreen.